segunda-feira, maio 30, 2011

O fim da vida: morte e luto

A morte

A incerteza de vida após a morte, juntamente com o desespero de imaginar que nunca mais iremos encontrar, ver, conversar e abraçar a pessoa que se foi, leva-nos a um paradigma aterrorizante e que desperta o medo em muitas pessoas: Como encarar a morte? Para alguns, a existência de vida após a morte traz esperança de, num futuro próximo, encontrar a pessoa que se foi, isso ajuda-a  a encarar esta etapa da vida com muito mais tranquilidade. Para outros, com a morte, a vida chega ao fim e não há como evitá-la, pois, certamente, todos morreremos um dia.

Entretanto, inconscientemente, falamos da morte como se ela nunca pudesse atingir-nos, como se ela só desafiasse as outras pessoas e nunca a nós mesmos. Segundo os psicanalistas, esta também é uma forma de encarar a morte, negando-a e acreditando, mesmo sem querer, na sua própria imortalidade. Pesquisas mostram ainda que a forma de ver a morte varia de acordo com a cultura de uma sociedade, pois enquanto algumas ficam de luto absoluto, lamentando a morte de uma pessoa, outras fazem verdadeiros rituais de comemoração e adoração para quem morreu.
A vida e a morte são os limites extremos da existência humana na Terra, fazem parte do nosso quotidiano e é perfeitamente normal que a interrupção da vida desperte medo e tristeza em todos nós, pois a vida desafia a morte constantemente, é natural do ser humano querer viver eternamente. Todavia, é certo que desde o primeiro instante que nascemos, começamos a morrer gradativamente, nesse sentido, a vida pode ser vista como uma contagem regressiva, em que a cada dia vivido, torna-se um a menos no calendário da nossa existência.
Apesar da luta incessante do homem em encontrar maneiras de prolongar a vida, a morte constitui o limite sobre o controle da natureza e por esse motivo desperta tanto medo. Dessa forma, encarar a morte como uma inconformidade é uma das maneiras encontradas pelo nosso subconsciente de aceitar e enfrentar uma perda.


E tu, acreditas na vida depois da morte? Acreditas que há um espaço entre o mundo físico e outro mundo? Sugiro-te o filme “Charlie St. Cloud”, um filme romântico onde estes temas são abordados ao longo da história. Atreve-te a dar a tua opinião!


O Luto

Não importa qual a cor do luto.
Se branca na China, amarela no Egito
Se violeta na Turquia, azul no Japão
Se marrom na Etiópia, negra no Rio
Se a dor, doa a quem doer, é universal
(A. Zarfeg)

            Concordo com o pequeno poema em cima. As pessoas costumam olhar muito para as outras e ver qual é a roupa que têm vestida e de que cor é. Se não corresponder ao normal imposto pela sociedade, essa pessoa está logo a ser criticada, porque não está a ter respeito pelo defunto. Para mim não é a cor da roupa que vestimos depois da morte de um ente querido que vai demonstrar a dor pela qual estamos a passar e o próprio respeito que temos por essa pessoa. A cor do luto pode ser qualquer uma, o que importa é o que nós sentimos!

segunda-feira, maio 30, 2011

Actividade Física na Terceira Idade

Para o idoso é muito importante estar em contato com o mundo que o rodeia, sentir-se activo e útil, participando em algum tipo de actividade. Há a preocupação de que o idoso adquira uma postura positiva frente a velhice e que aprenda a valorizá-la. A terceira idade é uma fase onde ocorrem inúmeras mudanças, como por exemplo, a memória (aspecto importante do Sistema Nervoso), que ao longo do tempo e com a chegada da 3ª idade, vai-se tornando deficiente, devido a diversos factores fisiológicos, emocionais e afectivos. Os factores que resultam nessa decadência na capacidade de memorizar não estão todos directamente ligados ao sistema nervoso central (como por exemplo, a doença de Alzheimer), mas também com a falta de actividade no dia-a-dia, falta de exercício físico que exija as mais diversas formas de solicitação motora. A memória humana sofre uma série de processos ao envelhecer, entre eles está o detrimento de algumas áreas como: a memória sensorial (manutenção dos dados sensoriais), a memória de curto prazo (processa dos dados actuais) e a memória de longo prazo (processa dados de longas datas, específicos, conhecimento, memorizações eventuais e sem consciência e activações automáticas). Com isso, o processo de aprendizagem também é comprometido, pois depende da memória, principalmente de curta duração e das funções sensoriais do corpo.
Além disso, (Weineck et al.,1991) afirmam que o processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de alterações fisiológicas ocorridas no organismo, bem como pelo surgimento de doenças crónico-degenerativas acrescidas de hábitos de vida inadequados (tabagismo, ingestão alimentar incorrecta, ausência de actividade física regular, etc.).
Em virtude disso, (Matsudo & Matsudo, 1992) acreditam que a participação do idoso em programas de exercício físico regular poderá influenciar no processo de envelhecimento com impacto sobre a qualidade e expectativa de vida, melhoria das funções orgânicas, garantia de maior independência pessoal e um efeito benéfico no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, distúrbios mentais, artrite, dor crônica, etc.


Portanto, cabe a nós, educadores físicos, usarmos a nossa profissão como um dos meios de minimização e prevenção destas, tornando-os indivíduos/idosos mais saudáveis, mais aptos, bem-dispostos independentes, reintegrados, com melhores condições de vida, valorizando-se e sendo valorizado.

segunda-feira, maio 30, 2011

Envelhecimento

Conceito de Envelhecimento
Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu um novo fenómeno nas sociedades desenvolvidas. O envelhecimento demográfico, que traduz o aumento preocupante do número de pessoas idosas.
As alterações demográficas do último século, que se traduziram na modificação e por vezes inversão das pirâmides etárias, reflectindo o envelhecimento da população, vieram colocar às famílias e à sociedade em geral, desafios para os quais não estavam preparados.


O Envelhecimento pode ser analisado sob duas grandes perspectivas:
·         Individualmente: o envelhecimento assenta na maior longevidade dos indivíduos);
·        Colectivamente: O envelhecimento demográfico define-se pelo aumento da proporção das pessoas idosas na população total. (INE, [2000])
Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo possível, constitui assim, hoje, um desafio à responsabilidade individual e colectiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico dos países.
O envelhecimento não é um problema, mas uma parte natural do ciclo de vida, sendo desejável que constitua uma oportunidade para viver de forma saudável e autónoma o mais tempo possível, o que implica uma acção integrada ao nível da mudança de comportamentos e atitudes da população em geral e da formação dos profissionais de saúde e de outros campos de intervenção social, uma adequação dos serviços de saúde e de apoio social às novas realidades sociais e familiares que acompanham o envelhecimento individual e demográfico e um ajustamento do ambiente às fragilidades que, mais frequentemente, acompanham a idade avançada.
O fenómeno do envelhecimento populacional, originalmente conhecido apenas nos países desenvolvidos começa ultimamente a ser notado nos países em vias de desenvolvimento. Este fenómeno deve-se ao aumento da expectativa de vida, ao declínio da taxa de natalidade e ao declínio da mortalidade prematura, principalmente devido às melhores condições gerais de vida da população após a Revolução Industrial.
O fenómeno do envelhecimento populacional global está transformando diversos aspectos da sociedade. Se muito do sucesso da longevidade se deve à tecnologia médica mais eficiente: novas vacinas, novas drogas, novas técnicas cirúrgicas, melhor compreensão de aspectos do envelhecimento etc., não se pode dizer o mesmo da tecnologia utilizada diariamente por pessoas, como caixas Multibanco, meios de transporte, dispositivos para o lazer etc., não adequados às limitações de pessoas mais idosas. Muito se tem ouvido das implicações do fenómeno do envelhecimento e seu impacto económico, político e social, mas pouco ou quase nenhum esforço tem sido realizado para adaptar o meio (mobiliário, ritmo, ambiente, ferramentas de trabalho, equipamentos de uso diário etc.) ao idoso e às dificuldades que apresenta.

Considerações gerais acerca do envelhecimento:
O envelhecimento é um processo complexo e universal sendo comum a todos os seres vivos. Pode ser considerado como um processo contínuo, podendo no entanto observar-se uma evolução mais rápida ou, pelo menos, mais notória nas últimas fases da vida do homem.
O processo de envelhecimento é diferente de indivíduo para indivíduo. No entanto, embora dependendo da forma e efeitos que provoca, é inevitável e observável em todos os seres humanos.
O envelhecimento diz respeito a todas as modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que aparecem como consequência da acção do tempo sobre os seres vivos. É importante salientar que essas modificações são gerais, podendo-se verificar em idade mais precoce ou mais avançadas e em maior ou menor grau, de acordo com as características genéticas de cada indivíduo e com o modo de vida de cada um. Exemplo: a alimentação adequada e equilibrada, a prática de exercício físico, estimulação mental, stress, o apoio psicológico e o envelhecimento são alguns factores que podem retardar ou minimizar os efeitos da passagem do tempo.
O envelhecimento humano pode então ser definido como o processo de mudança progressivo da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento, se desenvolve ao longo da vida.


Lidz (1983) caracteriza o envelhecimento em três fases sucessivas, podendo, no entanto, o idoso não chegar a atingi-las todas, ou pelo contrário, atingi-las em simultâneo.
·        A primeira fase denomina-se Idoso. Nesta fase não existem grandes alterações orgânicas: as modificações observam-se no modo de vida provocado pela reforma; o indivíduo ainda se considera capaz de satisfazer as suas necessidades.
·        A segunda fase é designada por Senescência. Ocorre no momento ou quando o indivíduo passa a sofrer alterações na sua condição física ou de outra natureza que o levam à necessidade de ter de confiar nos outros, correspondendo a uma velhice avançada.
·        Por último, surge uma terceira fase Senilidade. Nesta fase o cérebro já não exerce a sua função como órgão de adaptação, o indivíduo torna-se quase dependente e necessita de bastantes cuidados completos.

Factores que contribuem para a forma como envelhecemos:
·         Factores internos / individuais (biológicos, genéticos e psicológicos);
·         Factores externos (comportamentais, ambientais e sociais).
Os factores individuais podem contribuir para a ocorrência de doenças ao longo da vida, no entanto, em muitas situações, o declínio das funções está intimamente relacionado com factores externos, como por exemplo, o aparecimento de depressões e os fenómenos de solidão e isolamento de muitas pessoas idosas.
A saúde é, assim, o resultado das experiências passadas em termos de estilos de vida, de exposição aos ambientes onde se vive e dos cuidados de saúde que se recebem, sendo a qualidade de vida, nas pessoas idosas, largamente influenciada pela capacidade em manter a autonomia e a independência.

Autonomia é a capacidade percebida para controlar, lidar com as situações e tomar decisões sobre a vida do dia-a-dia, de acordo com as próprias regras e preferências.
A Independência é habitualmente entendida como a capacidade para realizar funções relacionadas com a vida diária – ou seja, a capacidade de viver de forma independente na comunidade, sem ajuda ou com pequena ajuda de outrem. As actividades da vida diária incluem, por exemplo, tomar banho, alimentar-se, utilizar o W.C. e andar pela casa. As actividades instrumentais da vida diária, incluem actividades como ir às compras, realizar tarefas domésticas e preparar as refeições.
Estes dois conceitos (independência e autonomia), têm a vantagem de mostrar as diferentes combinações possíveis, que podem acontecer ao idoso. Assim este pode, ser:
·         Autónomo e independente, não necessita do auxílio de terceiros para as suas actividades diárias;
·         Dependente e autónomo, pode ter necessidade de ajuda para realizar as actividades de vida o que lhe provoca dependência, mas manter a autonomia, porque decide o seu modo de vida;
·         Independente e não autónomo, esta perda de autonomia surge quando é interdito ao idoso a escolha de regras do seu comportamento, não por uma situação de dependência, mas porque é interdito ao idoso fazer escolha das regras das suas actividades, não por incapacidade, mas porque se encontra inserido numa instituição (Lar, Hospital), onde o indivíduo não depende perde parcial ou totalmente a sua autonomia;
·         Dependente e não autónomo, necessita de ajuda para realizar as suas actividades de vida e está institucionalizado.
Em situações de dependência, é fundamental fazer-se a avaliação das necessidades em que o indivíduo necessita de ajuda, respeitando e incentivando a autonomia e a independência.

Como já foi referido, o envelhecimento é um fenómeno que pode ser apreendido a diversos níveis. Antes de mais é um fenómeno biológico, porque os estigmas da velhice, de certa forma mais palpáveis, se traduzem com a idade por um aumento das doenças, por modificações do aspecto e imagem (cabelos brancos, rugas) e pela forma de nos deslocarmos (lentificação dos reflexos, perda do equilíbrio). Existe ainda a perda da capacidade reprodutora, declínio físico (diminuição da visão e audição, redução da respiração).
Ao nível social, a passagem à reforma, o ser avô, a morte dos pais, a viuvez, o depender de terceiros são acontecimentos que provocam a mudança de estatuto. De igual forma, todos os acontecimentos quer sejam históricos, políticos, económicos ou tecnológicos irão orientar e influenciar o desenrolar do envelhecimento.
Finalmente, a dimensão psicológica, implica modificações das actividades intelectuais e das motivações: sensação de declínio, sensação de que já não são capazes de se envolverem noutro tipo de actividades, auto-desvalorização, "sabedoria", compreensão do significado das "coisas da vida".

segunda-feira, maio 30, 2011

Relação entre indivíduos e grupos

            Nas relações que estabelecemos com os outros, preferimos determinadas pessoas, desejando permanecer o mais tempo possível junto delas. O amor e a amizade explicam, em parte, esta atracção.
            Mas nem sempre as nossas relações interpessoais se regem por parâmetros de natureza atractiva. Os conflitos são frequentes, levando as pessoas a ferirem-se. A agressão também faz parte das relações interindividuais, expressando-se por actos que têm implícito o desejo de prejudicar ou destruir o outro.

Atracção interpessoal
            A atracção interpessoal diz respeito ao desejo ou à tendência de uma pessoa se aproximar de outra e permanecer junto dela. Envolve certos comportamentos, na medida em que se traduz em acções que favorecem a aproximação da pessoa com a qual se deseja conviver.
            Apesar de envolver dimensões como a cognitiva e a conativa, a dimensão emocional é preponderante na atracção interpessoal, e reveste-se de formas variadas, que vão do amor e da amizade até à admiração e ao respeito.

ATRACÇÃO INTERPESSOAL| Constelação de sentimentos positivos que leva um ser humano a aproximar-se de outro.
            O reconhecimento do papel da afectividade na atracção interpessoal levou os psicólogos sociais a preferir analisar as vivências e interacções reais entre as pessoas a estudá-las em situações artificiais de laboratório, em que elas se desconhecem umas às outras.

Factores de actracção
            Apesar de não ser legítimo tratar da mesma maneira relações tão diferentes como as que se criam entre pais e filhos, entre amantes apaixonados ou entre simples companheiros de trabalho, é possível indicar um conjunto de factores comuns responsáveis pelas referências aproximativas entre as pessoas. Entre eles, a proximidade, a afiliação física, as semelhanças culturais e a reciprocidade.



            No ínicio da atracção entre um homem e uma mulher, a aparência física é determinante. Posteriormente, para que a atracção se mantenha, é necessário haver afinidades de interesses e valores.

segunda-feira, maio 30, 2011

Estádios de Desenvolvimento

Enquanto que na perspectiva das fases do ciclo de vida se acentuava uma sequência horizontal, a investigação dos estádios de desenvolvimento apresenta uma progressão de níveis numa linha vertical, ou seja, cada estádio é qualitativamente melhor e superior ao que lhe antecede. Esta perspectiva considera que o indivíduo está em crescimento contínuo, desde formas simples de vida até formas mais complexas, ou seja, da imaturidade até à maturidade.

Desenvolvimento da personalidade
            Erikson dedicou-se ao estudo do desenvolvimento da personalidade, tendo o seu trabalho tido uma grande influência e impacto nos estudos posteriores do desenvolvimento humano. Para este autor o desenvolvimento da personalidade prolonga-se ao longo da vida, interessando apenas na abordagem deste trabalho os estádios da personalidade na vida adulta. Cada uma das etapas, ou estádios, “relaciona-se sistematicamente com todos os outros e que todos eles dependem do desenvolvimento adequado na sequência própria de cada item”. Cada fase é caracterizada por uma crise psicossocial a qual é baseada no crescimento fisiológico, bem como nas exigências colocadas ao indivíduo pelos outros (pais e/ou sociedade): “cada um chega ao seu ponto de ascendência, enfrenta a sua crise e encontra a sua solução duradoura pelos métodos aqui descritos, ao atingir a parte final das fases mencionadas.”






Sabe mais sobre o desenvolvimento intelectual, cognitivo, do indíviduo, moral, pessoal, espiritual e sobre a aprendizagem na vida adulta aqui - http://qshare.com/get/955664/4._Estadios_de_desenvolvimento.pdf.html

segunda-feira, maio 30, 2011

Fases do Ciclo de Vida

A investigação ligada ao estudo do ciclo de vida “está interessada nas respostas que as pessoas criam em relação à idade e mudanças das expectativas sociais à medida que avançam através das fases da idade adulta.” (Cross, 1984). Não se trata de uma perspectiva de desenvolvimento, pois estas fases do ciclo são concebidas de uma forma horizontal, sucedendo umas às outras, não sendo necessariamente melhores que as anteriores. Assim, esta perspectiva acentua o facto de se poder identificar períodos de transição e mudança na vida da pessoa, estando esses períodos ligados não só à idade do indivíduo, como também às expectativas sociais que envolvem o mesmo.
            Levinson (1974, 1978) considera que a vida adulta é marcada por períodos de estabilidade e transição. Aos períodos de transição sucedem-se momentos de integração, a que correspondem mudanças na estrutura do indivíduo, ou seja, na forma de ele se ver a si próprio, o mundo e os outros. Nestes períodos de transição na vida da pessoa, os papéis (casamento, nascimento de filhos, divórcio, viuvez, etc.) que o indivíduo assume têm crucial importância. A relevância dos papéis ou tarefas específicas, prende-se não só com a forma como o indivíduo encara esses mesmos papéis, mas também pelas expectativas sociais acerca dessas mesmas tarefas. Segundo este autor, a vida do indivíduo é constituída por alternância entre estruturas estáveis e momentos de transição, podendo estas estruturas serem representadas por faixas etárias.


 
            Weathersby (1978) considera que as diversas fases do ciclo de vida são ‘despoletadas’ por acontecimentos marcantes (casamento, ser pai, entrada dos filhos na escola, etc.), e pelas novas tarefas que o indivíduo tem de assumir (olhar-se como adulto, procura de estabilidade e segurança, confrontar a mortalidade, etc.). A tensão criada pelos papéis e novas tarefas que o indivíduo tem de desempenhar geram uma situação de conflito entre as capacidades do indivíduo e a exigência dos novos papéis / tarefas. McClusky (1986) afirma que a mudança na vida adulta é marcada por períodos críticos:
Estes períodos são caracteristicamente producto de experiências decisivamente importantes para as pessoas envolvidas durante as quais podem ocorrer mudanças marcantes nos papéis sociais e no sentido das relações interpessoais. Entrada no mundo do trabalho, progressão na carreira, transferência de trabalho, desemprego podem representar uma categoria destes acontecimentos. Casamento, o nascimento de uma criança, a morte de um dos conjugues (…) ilustram uma outra categoria.
            Diversos autores (Cross, 1984; Knox, 1986; Smith, 1988; Cavaliere, 1990) acentuam a importância destes acontecimentos como momentos por excelência em que o adulto está mais ‘disponível’ para efectuar novas aprendizagens, pois necessita de dar resposta aos novos problemas que se lhe colocam na sua vida quotidiana. Brookfield (1987) afirma que estes acontecimentos podem ser de duas ordens: positivos ou negativos. Os acontecimentos positivos são aqueles que levam o indivíduo a novas formas de pensamento, em circunstâncias agradáveis. Os acontecimentos negativos obrigam o indivíduo a confrontar-se consigo próprio, sendo eles motivo de novas aprendizagens. Para Smith (1988) estes acontecimentos “permitem aos adultos explorar os seus significados e valores pessoais e transformá-los de forma a torná-los mais congruentes com a realidade.

            Riverin-Simard (1984) interessou-se pelo estudo do curso da vida profissional dos adultos, utilizando a abordagem dos ciclos de vida. Uma das principais conclusões da investigação levada a cabo por Riverin-Simard é a de que, durante a sua vida profissional, o adulto vive estados de permanente questionamento. “Os momentos de questionamento não são momentos de excepção na vida adulta; pelo contrário, situam-se constantemente no centro quotidiano da vida no trabalho”. Assim, são apresentados três grandes períodos durante a vida profissional:
·         O primeiro é o período de entrada e exploração no mundo do trabalho, onde o indivíduo se dá conta da grande distância existente entre as aprendizagens escolares e as que são requeridas para a prática profissional (20-35 anos);
·         O segundo período é caracterizado pelo processo reflexivo do indivíduo acerca do seu percurso profissional ajudando-o a definir o seu próprio caminho pessoal (35-50 anos);
·         No terceiro período o adulto procura criar as condições para uma retirada proveitosa do mundo trabalho.
            Ao longo destes três períodos, o adulto vai atravessando nove etapas que se alternam segundo um ciclo de questionamento e estabilização: a vida adulta é, pois, caracterizada por um constante dinamismo.

segunda-feira, maio 30, 2011

Curiosidade - Relógio Biológico

Relógio biológico é influenciado pela estação em que se nasce

Investigação pode abrir portas à compreensão de alguns distúrbios neurológicos
 

A estação do ano em que se nasce pode determinar algumas características do relógio biológico e, por consequência, o humor, uma vez que é este “sistema” que o regula, revela um artigo publicado na "Nature Neuroscience".

O estudo da Universidade Vanderbildt, nos EUA, explicou a razão pela qual nascer no Inverno implica um maior risco de se sofrer de transtornos mentais como a depressão sazonal ou esquizofrenia, dizendo que a estação do ano em que se nasce afecta a zona cerebral que comanda o relógio biológico nos mamíferos - núcleo supraquiasmático.

Nos testes realizados em ratos, os investigadores verificaram que aqueles que nasceram e foram desamamentados num ciclo de luz de Inverno, quando adultos, apresentaram rupturas dramáticas nos seus relógios biológicos, comparativamente com outros nascidos no Verão.

Os cientistas ainda não determinaram se os seres humanos têm respostas semelhantes às que os ratos tiveram à exposição de luz, após o nascimento. No entanto, dizem que a resposta verificada nos ratos nascidos no Inverno à mudança de estação é idêntica ao transtorno afectivo sazonal humano.

Desta forma, os investigadores sugerem que a luz a que as pessoas são sujeitas na infância pode ter influência no seu futuro, pelo que este estudo pode ser importante para a compreensão do aparecimento de alguns transtornos.



Alteração dos relógios biológicos

As cobaias foram divididas em três grupos: as que nasceram em ciclos de Verão (com 16 horas de luz e oito horas de escuridão) e de Inverno (8 horas de luz e 16 horas de escuridão) e ainda um terceiro conjunto que nasceu e foi amamentado num ciclo de 12 horas de luz e outras doze de escuridão.

Após o desmame, alguns ratos foram sujeitos a novos ciclos de luz, inversos aos que estavam habituados. Depois de um período de 28 dias, todos foram submetidos a um ambiente de escuridão total, com a eliminação de toda a luz que influencia o relógio biológico.

Foi aí que os investigadores verificaram que os ratos nascidos no Verão mantiveram a sua atitude quando foram sujeitos ao ciclo de Inverno, mantendo-se activos por dez horas seguidas até ao anoitecer. No entanto, os ratos nascidos no Inverno não se comportaram da mesma forma aquando da substituição de ciclo. Enquanto os que se mantiveram no Inverno continuaram a ficar acordados por dez horas, os que se mudaram para o ciclo de Verão estiveram activos por mais uma hora e meia.

2010-12-07, in www.cienciahoje.pt

segunda-feira, maio 30, 2011

Relógio Biológico

O relógio biológico é um mecanismo interno que controla todos os eventos do organinismo para que se consiga prever quando algo está para acontecer. Através do relógio biológico o organismo concilia a variação da temperatura, da pressão arterial, da secreção de hormonas, do sono, da frequência cardíaca e de muitos outros acontecimentos.

            Situado no hitotálamo, é accionado pela luz e auxiliado pelos ponteiros do organismo por onde administra todas as reacções que determinarão a função de cada sistema e de cada órgão a paritr de um determinado período. Cerca de 80% da população mundial segue o mesmo ritmo biológico, mas os outros 20% possuem o ritmo biológico concentrado num só período de rendimento, o que prejudica consideravelmente o seu rendimento nos demais períodos.
            A realização de tarefas de qualquer ordem para indivíduos que concentrem o seu rendimento num só período ao longo do dia ou da noite, pode desencadear problemas sérios relacionados com a saúde.

            O ciclo metabólico processado pelo relógico biológico ocorre no período de 24h e recebe o nome de Ritmo Circadiano. Este é realizado diariamente e por isso pode-se prever o horário em que ocorrem os eventos corporais, porque o ciclo metabólico executa as suas funções no mesmo horário. Este quando é submetido a qualquer alteração compromete toda a regulação do organismo apresentando um défit de atenção, alterações na digestão, desordens de humor, insónias e outros.



            Para saberes mais sobre os Relógios Biológicos deixo aqui o documentário “Segredos do Relógio Biológico”, é extremamente interessante e retrata todos os aspectos deste relógio interno e fala dos vários testes realizados, por exemplo, num dos testes aplicados a estudantes tentou-se descobrir em que parte do dia os alunos estavam mais “motivados” a aprender.

            Antes de pesquisar e antes de ver este documentário quando ouvia a falar em “Relógio Biológico” associava sempre às mulheres que quando este relógio está a tocar significa que está a chegar a hora de a mulher ser mãe. Mas, o relógio biológico é bem do que a chegada do momento para ter mãe, existe em ambos os sexos e da mesma forma, isto é, as acções como querer comer, beber, dormir, são comandadas pelo relógio interno e são iguais tanto nos homens como nas mulheres.

segunda-feira, maio 30, 2011

A vida adulta

            A primeira percepção que se pode ter acerca da vida adulta é de que ela corresponde a uma época estável, sem grandes mudanças. As transformações físicas mais evidentes efectuaram-se no período da adolescência, tendo também nesse mesmo período, o indivíduo ‘construído’ a sua própria identidade. Assim, nesta perspectiva, a vida adulta é uma etapa de estabilidade, onde a personalidade do indivíduo não sofre alterações. O adulto é concebido como alguém que sente adversidade pela mudança, onde o ditado português ‘burro velho não aprende línguas’ confirma a ideia generalizada de que este não está disposto a efectuar grandes alterações e, em particular, não está inclinado para novas aprendizagens. 
 
 
            No entanto, desde há bastante tempo existe uma acentuação no facto de que a idade adulta não ser de forma alguma uma etapa de estabilidade e imutabilidade. A nível cognitivo, diversos autores (Perry, 1970, 1981; Brookfield, 1995, 1998; Mezirow, 1978, 1991; Cavanaugh, 1991) consideram que o pensamento formal não é o último estádio de desenvolvimento cognitivo. Piaget deu bastante ênfase à lógica matemática na resolução de problemas, considerando essa capacidade lógica como necessária e inerente ao pensamento formal. No entanto, verifica-se que a cognição na vida adulta está muito mais ligada a questões pragmáticas da vida real, e que os adultos geralmente procuram aprender de forma a resolver problemas da sua vida quotidiana (Knowles, 1986; Smith, 1988; Knapper e Cropley, 1985). Assim, é necessário considerar que a cognição na vida adulta ‘conhece’ outro tipo de operações para além das operações formais: as operações pós-formais.
A discussão neste campo consiste na exploração do que constitui ‘as operações pós formais’; isto é, a actividade cognitiva após o estádio de operações formais identificado por Piaget como o fim do desenvolvimento intelectual na infância e adolescência. O pensamento dialéctico é descrito como a forma de pensamento adulto pós-formal no qual os modos de pensamento universal e relativo coexistem. A sua essência é a contínua exploração das inter-relações entre regras gerais e necessidades contextuais. A exploração das contradições e discrepâncias entre o geral e o particular é visto como uma oportunidade para o desenvolvimento pessoal. (Brookfield, 1998, p. 292)
           
            Assim, as operações pós-formais na vida adulta acentuam o pragmatismo na resolução de problemas da vida real, a possibilidade de múltiplas soluções, a coexistência entre a relatividade do pensamento (contextualidade) e a universalidade do mesmo (regras gerais). O raciocínio do adulto não segue a lógica formal, sendo, por isso, contextualizado, apresentando, consequentemente, flexibilidade cognitiva. Desta forma, o raciocínio dialéctico (raciocínio que tem em conta a contextualidade e as regras gerais) é fundamental na interpretação nas experiências do indivíduo adulto, dirigindo a sua acção.
            As mudanças ao longo da vida adulta não se limitam apenas ao nível cognitivo, tornando-se necessário conceber esta etapa como um período evolutivo. A vida adulta é percepcionada como a fase onde o indivíduo atinge a maturidade. No entanto, tal não significa que a maturidade seja algo de estático, sendo ‘adquirida’ mal o indivíduo atinja a idade adulta. Diversas correntes epistemológicas (corrente progressista, corrente behavorista, corrente humanista, corrente crítica, corrente construtivista) têm bastante influência na análise desta etapa, significando tal facto que não existe uma visão unívoca e singular deste mesmo período (Caffarella, 1993; Gerstner, 1990; Moura, 1997). Desta forma, procurar-se-à descrever as diversas perspectivas acerca das transformações que acompanham o indivíduo na fase adulta.

domingo, maio 29, 2011

Lenha na Fogueira: Dilemas Morais

No livro “A Escolha de Sofia”, de William Styron, uma prisioneira polonesa em Auschwitz recebe um "presente" dos nazistas: ela pode escolher, entre o filho e a filha, qual será executado e qual deverá ser poupado. Escolhe salvar o menino, que é mais forte e tem mais chances na vida, mas nunca mais tem notícias dele. Atormentada com a decisão, Sofia acaba por se matando anos depois.
Dilemas morais, como a escolha de Sofia, são situações nas quais nenhuma solução é satisfatória. São encruzilhadas que desafiam todos que tentam criar regras para decidir o que é certo e o que é errado, de juristas a filósofos que estudam a moral.
Cada vez que um filósofo monta um sistema de conduta, procura algo que responda a todas as situações possíveis. O filósofo inglês John Locke (1632-1704), por exemplo, definiu o bem pela não-agressão, aquela ideia de que "a minha liberdade começa onde a tua termina". Já Rosseau (1712-1778) considerava o certo a vontade geral, a decisão da maioria.
Agora os dilemas morais estão a tornar-se no objecto de estudo de cientistas. E, para alguns deles esforçaram-se tanto para montar teorias morais em vão. É que, segundo novas pesquisas, raramente usamos a razão para decidir se devemos tomar uma atitude ou não. Analisando o cérebro de pessoas enquanto elas pensavam sobre dilemas, os investigadores perceberam que muitas vezes decidimos por facilidade, empatia ou mesmo nojo de alguma atitude. Duvida? A seguir, faça o teste, respondendo a 2 dilemas morais clássicos.


Um comboio vai atingir 5 pessoas que trabalham desprevenidas sobre a
linha. Mas você tem a chance de evitar a tragédia acionando uma alavanca
que leva o comboio para outra linha, onde ele atingirá apenas uma
pessoa. Você mudaria o trajecto, salvando as 5 e matando 1?
Este dilema moral foi apresentado a voluntários pelo filósofo e psicólogo evolutivo Joshua Greene, da Universidade Harvard.
"É aceitável mudar o comboio e salvar 5 pessoas ao custo de uma? A maioria das pessoas diz que sim", afirma Greene num dos seus artigos. De facto, numa pesquisa feita pela revista Time, 97% dos leitores salvariam os 5. Fazer isso significa agir conforme o utilitarismo – a doutrina criada pelo filósofo inglês John Stuart Mill, no século XIX. Para ele, a moral está na consequência: a atitude mais correta é a que resulta na maior felicidade para o máximo de pessoas.
Mas há um problema. A ética de escolher o mal menor tem um lado perigoso – basta multiplicá-la por 1 milhão. Mataria 1 milhão de pessoas para salvar 5 milhões? Uma decisão assim, sustentou regimes totalitários do século XX que desgraçaram, em nome da maioria, uma minoria tão inocente quanto o homem sozinho na outra linha. Além disso, o acto de matar 1 para salvar 5 é o oposto do espírito dos direitos humanos, segundo o qual cada vida tem um valor inestimável em si – e não nos cabe usar valores racionais ao lidar com esse tema.


Imagine a mesma situação anterior: um comboio a grandes velocidades irá atingir 5 pessoas desprevenidas a trabalhar sobre a linha. Agora, porém, há apenas uma linha. Mas o comboio pode ser parado por algum objecto pesado, se o mesmo for colocado na sua frente. Um homem com uma mochila muito grande está ao lado da linha. Se você o empurrar para a frente do comboio, ele vai parar, salvando as 5 pessoas, mas liquidando uma. Você empurraria o homem da mochila para a linha?
Avaliando pela lógica pura, este dilema não tem nenhuma diferença em relação ao anterior. Continua a ser uma questão de trocar 1 indivíduo por 5. Apesar disso, a maioria
das pessoas (75% nos estudos de Joshua Greene, 60% no teste da Time) não empurraria
o homem. A equipa de Greene descobriu que, enquanto usamos áreas cerebrais relacionadas à “alta cognição”, isto é, ao pensamento profundo, para resolver o dilema anterior, o mesmo provoca reações emocionais, mesmo nos que empurrariam o homem para a linha.
Uma versão mais bizarra deste dilema propõe uma catapulta para empurrar o homem pesado para a linha – e, surpreendentemente, a maioria das pessoas volta a preferir matar 1 para salvar 5. Conclusão: estamos dispostos a matar com máquinas, mas não mataríamos com as nossas próprias mãos.
Greene dá outro exemplo. Achamos um absurdo não prestar socorro a alguém que sofreu um acidente na estrada, mas esquecemos-nos rapidamente que milhares de pessoas morrem à fome em África. Para ele, o motivo dessa disparidade também está nos instintos. “Os nossos ancestrais não evoluíram num ambiente em que poderiam salvar vidas do outro lado do mundo. Da forma como o nosso cérebro é construído, as pessoas próximas activam o nosso botão emocional, enquanto que as distantes desaparecem na mente.”
Para Greene, a diferença de atitudes mostra que os filósofos que lidam com a moral devem levar mais em conta a natureza do homem – não para agirmos conforme a natureza, mas para superá-la. Tendo consciência de que os nossos instintos nos tornam capazes de matar friamente por meio de uma alavanca ou de ignorar genocídios distantes, temos mais poder para decidir o que é ou não correto.

O que é que tu farias?

domingo, maio 29, 2011

Desenvolvimento Moral - Piaget e Kohlberg

Piaget e Kohlberg foram os primeiros psicólogos a se interessar pelo desenvolvimento da moralidade na criança e no homem adulto.
Piaget viu que crianças de 0 a 12 anos passam por duas grandes orientações
da moralidade: a autonomia e a heteronomia. As crianças menores estão no estádio de heteronomia moral, isto é, as regras são leis externas, sagradas, imutáveis, por que são impostas pelos adultos. As crianças maiores passam aos poucos para um estágio de autonomia, em que as regras são vistas como resultado de uma decisão livre e digna de respeito, aceitas pelo grupo.
Para Piaget, toda a moral é formada por um sistema de regras e a moralidade consiste no respeito que o indivíduo nutre por estas regras. Partindo desse princípio, Piaget propôs estudar esse problema em dois níveis: a consciência (intelecção) que se tem das regras, e a sua colocação em prática. Piaget queria encontrar o grau de correspondência existente entre consciência (conhecimento) e a prática das regras. Piaget escolheu para esse estudo um jogo bem conhecido das crianças, o jogo de bolinhas de gude. um jogo com muitas regras e, relativamente complicadas. Piaget observava meninos em diversas idades jogando bolinhas e perguntav-lhes: quais eram as regras do jogo? de onde vinham? podiam ser modificadas?
Três questões fundamentais para a moralidade:
·          Conhecimento da lei
·          Origem ou fundamento da lei
·          Mutabilidade ou não da lei
Com relação as regras do jogo Piaget encontrou níveis diferentes tanto de consciência das regras como sobre sua prática.
1º Estádio - crianças até 2 anos
Neste estágio as crianças simplesmente jogam, não há nenhuma regra ou lei, é puramente uma actividade motora, não há nenhuma consciência de regras.
2º Estádio - crianças de 2 a 6 anos
Neste estádio a criança observa os maiores jogarem e começa a imitar o ritual que observa. A criança percebe que existem regras que regulam a actividade e considera as regras sagradas e invioláveis. Ainda que nesse estádio a criança saiba as regras do jogo, ela não joga "com os outros", ela joga como que sozinha, é uma actividade egocêntrica, ainda que esteja a jogar com outros companheiros. É uma actividade que produz prazer psicomotor.
3º Estádio - entre os 7 e 10 anos
Neste estádio a criança passa do prazer psicomotor dos estádios anteriores ao prazer da competição segundo uma série de regras e um consenso comum. Esse estádio está ainda dominado pela heteronomia moral, as regras são sagradas mas já são reconhecidas como necessárias para bem dirigir o jogo. Há um forte desejo de entender as regras e de jogar respeitando o combinado. As crianças vigiam-se mutuamente para se certificarem de que todos jogam respeitando as regras.
4º Estádio - entre 11 e 12 anos
É a passagem para a autonomia moral. O adolescente desenvolve a capacidade de raciocínio abstracto e as regras já são bem assimiladas. Há um grande interesse em estudar as regras em si mesmas, discutem muitas vezes sobre quais as regras que vão ser estabelecidas para o jogo.
Para Piaget o desenvolvimento da moralidade dá-se principalmente através da actividade de cooperação, do contacto com iguais, da relação com companheiros e do desenvolvimento da inteligência.
Para Kohlberg existem seis estágios no desenvolvimento moral, dividido em três níveis. Piaget estudou somente a vida moral até a adolescência e Kohlberg até o desabrochar pleno da maturidade e da vida moral. Kohlberg não dá muita importância ao comportamento moral externo. Por exemplo, um adulto e um adolescente que roubam uma maçã, o comportamento externo é o mesmo, mas as razões, a moralidade interna, o nível de maturidade moral é diferente nesses casos. Kolhberg baseia a sua classificação no nível de consciência que se tem das regras e normas, das suas razões e motivações, da consciência da sua utilidade e necessidade.
1º Nível Pré-convencional
A moralidade da criança é marcada pelas consequências dos seus actos: punição ou recompensa, elogio ou castigo, e baseia-se no poder físico (de punir ou recompensar) daqueles que estipulam as normas.
·          Estádio 1Orientação para a punição e obediência
O que determina a bondade ou maldade de um acto são as consequências físicas do acto (punição). Respeita-se a ordem apenas por medo à punição, e não se tem consciência nenhuma do valor e do significado humano das regras.
·          Estádio 2Individualismo e troca instrumental
A acção justa é aquela que satisfaz as minhas necessidades, a que me gera recompensa e prazer, e, ocasionalmente aos outros. As relações humanas são vistas como trocas comerciais. Mais ou menos assim "Tu gratificas-me e eu gratifico-te". A pessoa tenta obter recompensas pelas suas ações.

2º Nível Convencional
Neste nível a manutenção das expectativas da família, do grupo, da nação, da sociedade é vista como válida em si mesma e sem muitos questionamentos ou porquês. É uma atitude de conformidade com a ordem social, mas também uma atitude de lealdade e amor à família, ao grupo, ao social.
·          Estágio 3 - Expectativas interpessoais mútuas, relacionamento e conformidade interpessoal
É bom aquele comportamento que agrada aos outros e por eles é aprovado. De certa forma, é bom o que é socialmente aceito, aquilo que segue o padrão. O comportamento é muitas vezes julgado com base na intenção, e a intenção torna-se pela primeira vez importante. É a busca do desejo de aprovação familiar e social.
·          Estágio 4Sistema e consciência social, manutenção da lei e da ordem
Há o desenvolvimento da noção de dever, de comportamento correto, de cumprir a própria obrigação. Há o desejo de manter a ordem social especificamente pelo desejo de mantê-la, isto é, por que isso é justo.
3º Nível Pós-convencional
Há um esforço do indivíduo para definir os valores morais, para definir consciente e livremente o que é certo e o que é errado, e porquê... Prescinde-se muitas vezes da autoridade dos grupos e das pessoas que mantém a autoridade sobre os princípios morais.
·          Estágio 5Contrato social ou direitos individuais democraticamente aceites
É a tomada da consciência da existência do outro, da maioria, do bem comum, dos direitos humanos... A acção justa é a acção que leva em conta os direitos gerais do indivíduo, isto é, o bem comum. Valores pessoais são claramente considerados relativos, é a lei da maioria e da utilidade social.
·          Estágio 6Princípios éticos universais
O justo e o correto são definidos pela decisão da consciência de acordo com os princípios éticos escolhidos e baseados na compreensão lógica, universalidade, coerência, solidariedade universal. Guia-se por princípios universais de justiça, de reciprocidade, de igualdade de direitos, de respeito pela dignidade dos seres humanos, por um profundo altruísmo, pela fraternidade. Os padrões próprios de justiça têm mais peso do que as regras e leis existentes na sociedade.

Conclusão
 
A moralidade humana e o seu desenvolvimento são essencialmente dialéticos. Tanto no modelo de Piaget como no de Kohlberg, a moralidade de um indivíduo depende tanto de factores psicológicos e biológicos (quem é a pessoa, quem são os seus pais, qual a sua “bagagem” genética...), como de elementos sociais e culturais (onde nasceu, em que época, quem são os seus vizinhos, amigos, mestres, grau de instrução, condição financeira...). Torna-se claro que diferentes situações sociais, culturais, psicológicas e biológicas irão propiciar diferentes comportamentos, diferentes moralidades.

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