segunda-feira, abril 25, 2011

Métodos e técnicas em Psicologia

O objecto da psicologia – o comportamento e os estados mentais – é reconhecido pela sua complexidade. Por isso, recorre a vários métodos e técnicas de investigação.


“Entende-se por método os processos fundamentais mediante os quais a ciência avança; o aspecto-chave do método científico é o controlo. Por técnica entendemos a maneira particular segundo a qual o método geral é implementado; existem muitas técnicas, que frequentemente diferem de um campo de estudo para outro e não raro são altamente complexas, especializadas e exigentes.”
(M. H. M. e W. A. Hillix, Sistemas e Teorias em Psicologia, ed. Cultrix)

Durante muito tempo o único método utilizado em psicologia foi a introspecção – a observação interior feita pelo próprio sujeito. Objecto de várias críticas, subscritas por aqueles que pretendiam um estatuto de ciência para a psicologia e integrando-se no pensamento dominante dos finais do século XIX, a introspecção vai ser posta em causa, adoptando-se o método experimental para o estudo dos comportamentos. São os behavioristas, que vão encontrar neste método o instrumento privilegiado para a formulação de leis que permitiriam atingir o seu objectivo: prever o comportamento em determinada situação.
Reconhecidas as limitações do método experimental, vão ser encontradas outras vias, outras metodologias que privilegiam a compreensão do comportamento humano na sua globalidade e complexidade. Surgem assim novos métodos: o método clínico e a observação naturalista.
Os testes, os inquéritos, as entrevistas, as escalas de atitudes, entre outras, são técnicas que irão ser adoptadas na investigação em psicologia.


Diferentes correntes, diferentes métodos

Quando se coloca a questão sobre os métodos adoptados, não podemos responder sem ter em conta as várias correntes que atravessam a psicologia. Assim, enquanto Wundt recorreu à introspecção, os behavioristas introduziram o método experimental na investigação do comportamento humano e animal. Em algumas pesquisas sobre a percepção e a aprendizagem, os gestaltistas recorreram também ao método experimental socorrendo-se também da introspecção informal. Piaget, nos seus estudos, procurando conhecer o processo do desenvolvimento cognitivo adoptou o método clínico e a observação naturalista.
Freud, que considerava fundamental a exploração do inconsciente, propõe um método próprio: o método psicanalítico.


Que método(s) utilizar?
Actualmente, para se estudar um dado problema recorre-se, não apenas a um método ou a uma técnica de investigação, mas a vários, procurando-se assim conhecer os problemas em toda a sua complexidade.

Tomemos uma questão muito discutida nos nossos dias, seguindo os passos para a sua investigação: Porque é tão frequente o fenómeno da violência infantil?

·         Elaboração de uma hipótese
As crianças de determinada idade (por exemplo, dos 4 aos 9 anos) que vêem, na televisão, muitos filmes violentos têm atitudes mais agressivas.

·         Verificação da hipótese
Nesta etapa, podemos recorrer a diferentes métodos e técnicas de investigação. Através de inquéritos e entrevistas aos pais de uma determinada amostra, recolhemos informações sobre o tipo de programas que os filhos vêem na televisão, tempo diário ocupado a ver televisão e em que condições (sozinhos ou acompanhados, duração…).
Junto dos professores, recolhemos informações através de entrevistas e/ou inquéritos sobre os comportamentos agressivos das crianças da amostra em análise.
Nesta pesquisa, pode prever-se a utilização da observação naturalista (observação das crianças no recreio, na rua e noutras situações de grupo); aplicação de testes projectivos (selecção e aplicação de testes adequados à pesquisa e à idade das crianças); método experimental (comparar os comportamentos agressivos de um grupo de crianças que vêem filmes violentos com outro equivalente, mas cujas crianças não têm esse hábito).
Poderíamos ainda seleccionar uma criança particularmente agressiva que vê filmes violentos e sobre ela desenvolver um estudo de caso individual e aprofundado – método clínico.

·         Formulação da conclusão
Poderíamos concluir, nesta investigação simulada, que as crianças que assistem sozinhas, durante mais tempo, a emissões violentas na televisão apresentam maior agressividade. A hipótese foi confirmada.
Não seria, contudo, legítimo retirar a conclusão de que a violência transmitida pela televisão é o único factor explicativo do aumento dos comportamentos violentos nas crianças.
Poderíamos aprofundar esta investigação levantando outras hipóteses para identificar a influência de outros factores (familiares, socioeconómicos, culturais) que contribuiriam para explicar a violência infantil.
Certamente que a complexidade da questão nos obrigaria a recorrer a outros campos do saber, concretamente, à sociologia e à antropologia.

·         Sintetizando:
Neste exemplo foram utilizados, para desenvolver a investigação, vários métodos e técnicas: método experimental e método clínico, observação naturalista, inquéritos, entrevistas, testes.



No processo de investigação, visando uma abordagem científica, a psicologia recorre a vários métodos e técnicas:



  
            Fica a saber mais sobre os métodos e técnicas de investigação em particular nos link’s abaixo indicados:
·         Método Introspectivo
·         Método Experimental
·         Método Clínico
·         Método Psicanalítico
·         Observação
·         Inquéritos eEntrevistas
·         Testes 

sábado, abril 16, 2011

Piaget e o Interaccionismo

Como surge a Escola de Pensamento Cognitivista? Que inovações introduz?

Fig.1 - Jean Piaget
(1896-1980)
            Conhecido como psicólogo do desenvolvimento infantil, Jean Piaget foi um dos mais importantes percursores da Psicologia cognitiva. Piaget, interessado pelos processos mentais, em particular pela inteligência, preferia nomear-se primeiramente como um epistemologista genético, isto é, um cientista concentrado na investigação do desenvolvimento progressivo do conhecimento humano.

            No que se refere à conceptualização da origem do conhecimento, a posição deste autor aproxima-se de uma abordagem interaccionista. Assim sendo, defendia uma perspectiva segundo a qual a origem das estruturas mentais devia ser procurada nas acções que os sujeitos (especialmente crianças) direccionam para os objectos com vista a promoverem a adaptação. Dito de outra forma, as estruturas do conhecimento humano seriam construídas no sujeito como consequência da interacção com os objectos. Esta abordagem implica, portanto, o reconhecimento do sujeito activo no seu desenvolvimento.



“Resumir a teoria de Jean Piaget não é uma tarefa fácil, pois a sua obra tem mais páginas que a Enciclopédia Britânica. Desde que se interessou por desvendar o desenvolvimento da inteligência humana, Piaget trabalhou compulsivamente no seu objectivo, até às vésperas da sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos, deixando escritos aproximadamente setenta livros e mais de quatrocentos artigos (…).

1-    A inteligência, para Piaget, é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos desenvolvem-se intelectualmente a partir do exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cerca (…).
2-    Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento é construído numa interacção entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como interaccionista. A intelegência do indivíduo, como adoptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade desta interacção do indivíduo com o meio. Por outras palavras, quanto mais complexa for esta interacção, mais “inteligente” será o indivíduo (…)
3-    «Não existe estrutura sem génese, nem génese sem estrutura», referia Piaget. Ou seja, a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo genético e a génese depende de uma estrutura de maturação. A sua teoria mostra-nos que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objecto de conhecimento para inserir num sistema de relações. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo, o que implica os dois pólos da actividade inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação na medida em que incorpora nos seus quadros todos os dados da experiência (…). É acomodação na medida em que a estrutura se modifica em função do meio das suas variações. A adaptação intelectual constitui-se então num «equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar» (Piaget, 1982). Portanto, Piaget situa o problema epistemológico, o do conhecimento, ao nível de uma interacção entre o sujeito e o objecto. E essa dialéctica resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas sem génese, (…) e permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento.”

Texto adaptado a partir de BELLO, J. (1995). A Teoria Básica de Jean Piaget


 

            No texto foram referidos dois conceitos importantes na teoria de Piaget, assimilação e acomodação, e são eles que serão abordados seguidamente.

            A assimilação e a acomodação são consideradas duas variantes invariantes fundamentais, isto é, dois mecanismos que não variam e que se mantêm em funcionamento ao longo de todo o desenvolvimento, sendo explicativos da inteligência, ou seja, da capacidade de adaptação.

            Neste contexto:
·         Assimilação – corresponde ao mecanismo através do qual aquilo que é experienciado pelo indivíduo é incorporado nas estruturas (ou esquemas) que o indivíduo possui;
·         Acomodação – corresponde ao mecanismo através do qual o organismo se adapta aos novos dados da experiência – ou cria um novo esquema para pedir incorporar a informação nova ou organiza os esquemas anteriores no sentido de integrar a informação para dar resposta aos novos estímulos;
·         Adaptação – corresponde ao ponto de equilibrio entre assimilação e acomodação e implica momentos de conflito para que o desenvolvimento ocorra. Esta situação de conflito surge sempre que o indivíduo percebe um ponto de vista diferente do seu e isso provoca a necessidade de se descentrar do seu ponto de vista inicial.


Há então uma dinâmica muito própria entre a assimilação e a acomodação quando o indivíduo se percebe qua não tem estruturas para incorporar novos estímulos se apercebe que não tem estruturas para incorporar novos estímulos há um desequilíbrio ou conflito. É a resolução desse conflito que permite o desenvolvimento da inteligência, ou seja, a procura de novas formas de equilíbrio mais estáveis e qualitativamente melhores através do mecanismo de equilibração.




A equilibração é assim um factor fundamental, na medida em que estrutura internamente o desenvolvimento da inteligência, permitindo a auto-regulação por meio da qual a inteligência se desenvolve ao adaptar-se a mudanças internas e externas.
Na procura da obtenção de um equilíbrio que nunca chega a ser permanente, pois novas formas de informação chegam constantemente, o sujeito mantém-se em desenvolvimento, isto é, em adaptação.
A noção de Piaget de inteligência como adaptação é, portanto, essencialmente vinculada a um modelo de equilibração do funcionamento inteligente. Distinguindo-se adaptação – resultado do equilíbrio entre as invariantes de assimilação e acomodação – e equilibração – resultado da integração de factores de desenvolvimento.


 
Os teóricos cognitivos defendem que a aprendizagem é um processo no qual ocorre a modificação interna de significados por produção intencional do sujeito. Esta modificação ocorre como resultado de uma interacção entre o meio e o sujeito activo, tal como proposta em Piaget e não como resultado de uma manipulação que o meio faz do indivíduo, como foi sugerido pelos behavioristas.
Um olhar atento revela ainda que o interaccionismo de Piaget veio mediar as dicotomias anteriormente exploradas, adoptando uma posição de charneira entre interno/externo, inato/adquirido e individual/social.








segunda-feira, abril 11, 2011

Freud e a Psicanálise

Como se distingue a Escola de Pensamento Psicanalítico de todas as anteriores? O que representa para a Psicologia a inclusão da noção de inconsciente?



“A psicanálise distinguia-se do pensamento psicológico geral desde o seu início, tanto em relação aos objectos como no que respeitava aos métodos e objecto de estudo.
A psicanálise possui como objecto de estudo a psicopatologia – ou o comportamento animal – em parte neglicenciada pelas demais escolas de pensamento e adopta, como principal método, a observação clínica e não a experimentação controlada de laboratório. Trata ainda do incosciente, tópico praticamente ignorado pelos outros sistemas de pensamento.”
SCHULTZ, D. & SCHULTZ, S. (2005), História da Psicologia Moderna


            O movimento psicanalítico mostrou-se diferente das diferentes escolas anteriores, pois não evoluiu, revolucionou, já que não deu seguimento aos métodos e aos objectos de estudo considerados até então.
            Esta recente corrente introduziu a psicopatologia, o inconsciente e o método clínico.

            A psicanálise não surge espontaneamente a partir do nada, as suas principais fontes de influência foram as reflexões fisiológicas a respeito dos fenómenos inconscientes e psicopatológicos e as considerações a respeito da evolução das espécies.

Fig. 1 - Jean Charcot
(1825-1893)

            Os primeiros tempos do movimento psicanalítico são marcados, no campo da psicopatologia, pelo interesse por uma doença peculiar: a histeria.

            É no século XIX que Jean Charcot sistematiza a doença e procura distingui-la da epilepsia e que Joseph Breuer propõe um tratamento inovador para a histeria – a cura pela palavra: a associação de palavras conduzia a recordações reprimidas e liberta os pacientes dos sintomas. A esta forma de tratamento alia-se uma segunda – a hipnose (técnica de exploração do inconsciente; semelhante a um estado de funcionamento de sono parcial, a hipnose é induzida por palavras e actos; carateriza-se por alterações no estado de consciência, memória e controlo psicomotor).

Fig. 2 - Joseph Breuer
(1842-1925)


            O ínicio da psicanálise está associado a este processo de cura que coloca em destaque os processos psicológicos e que enfatiza a palavra como meio terapêutico. 
            Freud dedicou-se à exploração de provas clínicas sobre resistências1 e à compreensão da sua importância para o recalcamento.


1Resistência – designa qualquer processo através do qual o indivíduo em análise evita lembrar ou falar (tornar consciente) certos assuntos ou vivências; traduz-se em silêncios ou vazios no discurso e constitui a prova de recalcamento; é directamente proporcional à importância e força dos desejos que a provocam.


Fig. 3 - Sigmund Freud
(1856-1939)
            O recalcamento, um mecanismo de protecção intra-psíquica contra o sofrimento, é um conceito nuclear quando se aborda a psicanálise e corresponde à conservação fora do campo da consciência das ideias que causam ansiedade. Embora se tornem inconscientes, os conteúdos recalcados continuam a influenciar o indivíduo, manifestando-se de forma disfarçada (em sonhos, actos falhados, lapsos de linguagem).
            A psicanálise entrava assim num novo campo de estudo para a psicologia: o inconsciente2. O incosciente é integrado numa teoria estrutural e dinâmica complexa, na qual Freud procura determinar as formas de organização do sujeito psicológico.

2Incosciente – referente ao conjunto de processos psíquicos que orientam o comportamento do indivíduo, mas escapam ao âmbito da consciência; segundo Freud o inconsciente é um dos três níveis do psiquiatrismo e é nele que permanecem os processos, as ideias e sentimentos que não podem ser traduzidos voluntariamente à consciência.


A teoria psicanalítica revolucionou a psicologia:
·         Pela omnipresença do tema inconsciente;
·         Pela afirmação de um aparelho explicativo dos fenómenos conflituais;
·         Pela revolução no modo de perspectivar o sujeito psicológico (a atenção voltada para os processos e para as estruturas) e no modo de perspectivar o seu desenvolvimento (introdução da ideia de sexualidade infantil e dos conceitos de pulsão e de zonas erógenas).


Sem prejuízo de outros desenvolvimentos de carácter igualmente inovador, podemos afrimar que a introdução do inconsciente é fundamental para a psicologia, em geral, implicando uma nova formação do aparelho psíquico.
            Então, Freud apresentou duas tópicas, a primeira tópica consituída pelo Consciente, Pré-consciente e Inconsciente, e na segunda tópica temos o Id, o Ego e o Superego.


Primeira Tópica:
·         O consciente é apenas uma pequena parte da mente (constituído pos percepções e pensamentos);
·         No inconsciente, a maior parte do aparelho psíquico, encontra-se o material institivo, não acessível à consciência (composto por fontes instintivas de energia psíquica denominadas pulsões);
·         O pré-consciente pode ser considerado como uma parte do inconsciente que pode tornar-se mais facilmente consciente (formado por lembranças e experiências passadas).






Segunda Tópica:




            Implícita à estrutura do aparelho psíquico está a ideia de pulsão (ou instinto), um conceito inscrito naquela que se pode considerar a teoria psicanalítica da motivação.
            O princípio básico desta teoria resume-se à afirmação de que o comportamento humano é prinicpalmente motivado por razões inconscientes e orientada por pulsões. Uma pulsão designa um impulso orgânico e inconsciente que conduz o organismo em direcção a um fim, com o intuito de reduzir a tensão.
            Embora se reconheçam vários tipos de pulsões, na teoria psicanalítica há um ênfase nas pulsões sexuais (também denominadas libido) e nas pulsões agressivas.

            Todos os instintos ou pulsões têm quatro componentes:
·         Uma fonte – excitação corporal;
·         Uma finalidade – satisfação da necessidade;
·         Uma força – intensidade do investimento;
·         Um objecto – o meio que permite a satisfação, externo ao organismo ou o próprio corpo.





segunda-feira, abril 11, 2011

Teoria de Gestalt e as Leis da Percepção


As leis de organização da Gestalt têm guiado os estudos sobre a forma como as pessoas percebem componentes visuais como padrões organizados ou conjuntos, ao invés de suas partes componentes. Gestalt é uma palavra alemã que significa "configuração" ou "padrão". De acordo com essa teoria, há seis factores principais que determinam como nós agrupamos coisas de acordo com a percepção visual.

 

 

Proximidade

Os objectos mais próximos entre si são percebidos como grupos independentes dos mais distantes. Na figura abaixo há quatro grupos, sendo que os três grupos da direita ainda podem ser agrupados entre si, distinguido-se do grupo da esquerda.

 

Fechamento

Os nossos cérebros adicionam componentes que faltam para interpretar uma figura parcial como um todo.





Simetria

Elementos simétricos são mais facilmente agrupados em conjuntos que os não simétricos. Na figura abaixo as duas figuras da esquerda, simétricas são mais facilmente percebidas como um grupo, que o par da direita, em que uma das figuras não é simétrica.





Similaridade ou semelhança

Objectos similares em forma ou tamanho ou cor são mais facilmente interpretados como um grupo. No desenho abaixo, os círculos brancos e pretos parecem agrupar-se, mesmo que a distância entre as filas sejam iguais.





Destino comum

Elementos movendo-se no mesmo sentido são mais facilmente agrupados entre si.

Consulta o link para ver o efeito – clica aqui.

 


Continuidade

Uma vez que um padrão é formado, é mais provável que ele se mantenha, mesmo que seus componentes sejam redistribuídos.
Também já foi demonstrado que certas diferenças individuais, como a acuidade visual ou habilidades espaciais também podem afectar a percepção visual. Há também outros factores que podem influenciar a interpretação das coisas vistas, como a personalidade, estilos cognitivos, sexo, ocupação, idade, valores, atitudes, motivação, crenças, etc.
É o complemento de uma ideia sugerida pelo autor da propaganda despertando em quem vê, o desejo de possuir objecto. É o estímulo que o cérebro recebe para imaginar como o comercial seria completado se bem elaborado cria a necessidade do consumidor.
Os consumidores tendem a perceber os objectos como o todo e o cérebro da continuidade ao que está incompleto. A percepção é a imagem mental que se forma com a ajuda das experiências e das necessidades. E o resultado de um processo de selecção é interpretação das sensações.

Ex: Quando lemos algumas frases, logo completamos com o que vem em seguida:
Água mole em pedra dura........... (tanto bate até que fura)
Quem nasce torto .................... (tarde ou nunca se endireita)
Em casa de ferreiro............................ (espeto de pau)


Outro exemplo: nas imagens percebemos melhor uma boa linha de contorno contínuo

quarta-feira, abril 06, 2011

Kholer e o Gestaltismo (2)

Principais críticas ao gestaltismo

            As críticas por parte dos behavioristas não tardaram: alegavam que os fenómenos perceptivos estudados pela Gestalt, como o Fenómeno de Phi, não tinham carácter científico e que os gestaltistas estavam demasiado ocupados com as suas teorias em detrimento da investigação, da pesquisa e da procura de dados empíricos.
            Em contrapartida, os gestaltistas defendiam que a sua pesquisa tinha um carácter exploratório, orientado por um modelo distinto dos abordados até então. Assim, apesar de estar orientada para a experiência consciente, a Gestalt distinguia-se das abordagens com o mesmo objecto de estudo (a de Wundt e a de Titchener) por defenderem uma perspectiva fenomenológica, isto é, por assumir que a consciência é um objecto de estudo com valor científico mas não um objecto de estudo passível de ser estudado com a objectividade e precisão alcançadas no estudo do comportamento manifesto. Considerava também que o comportamento e a aprendizagem deviam ser abordados na sua relação complexa com a percepção, celebrizando a premissa “o todo não é igual à soma das partes”.

quarta-feira, abril 06, 2011

Kholer e o Gestaltismo

            A psicologia de gestalt (o termo gestalt remete para forma ou entidade organizada, referindo-se a um objecto específico e à organização que lhe corresponde) surgiu no contexto cultural alemão, entre as duas Guerras Mundias, e atacou as psicologias dominantes (funcionalismo e estruturalismo), tal como fizera o behaviorismo.
            Mas as diferenças entre esta nova psicologia e o behaviorismo logo se vieram a demonstrar, pois os psicólogos da gestal reconheciam o valor da consciência para a sua psicologia (embora criticassem severamente a sua redução a elementos constituintes), ao contrário dos behavioristas.


Fig.1 - Max Wertheimer
(1880-1943)
            Esta nova escola desenvolveu-se a partir do Fenómeno de Phi, isto é, da ilusão de movimento produzido por dois feixes de luz. Esta ilusão foi atentamente estudada por Max Wertheimer, um dos líderes desta escola de pensamento. Apesar de se tratar de um fenómeno tratado até então como sendo do senso comum, as reflexões de Wertheimer transformaram-no numa das críticas mais persistentes à proposta teórica de Wundt.
            Experimenta: Podes, no entanto, pôr facilmente em prática o Fenómeno de Phi. Primeiro, coloca um dedo à frente do nariz (suficientemente perto para que consigas ver duas imagens) e, seguidamente, abre e fecha cada olho alternadamente. O dedo aparentemente saltará de um lado para o outro.


            A reflexão deste investigador centrou-se na explicação da percepção de movimento aparente reduzindo-a a elementos sensoriais simples. Para Wundt, dois feixes de luz seriam sempre dois feixes e nada mais. Então, o trabalho de Wertheimer foi encontrar uma explicação para o aparente movimento. Era necessária a existência de mais do que a soma das partes para justificar a percepção de movimento sem que haja uma deslocação real correspondente e a psicologia elementar e associacionista não bastava para dar conta desses fenómenos.
            Para os gestaltistas, os elementos sensoriais combinavam-se para formar uma estrutura ou forma (Gestalt).




Fig. 2 - Wolfgang Kholer
(1887-1967)
            Contudo, a influência do gestaltismo ultrapassou o domínio da percepção, dando uma contribuição igualmente importante para a investigação da resolução de problemas. Neste contexto, surge Wolfgang Kholer com estudos sobre a inteligência dos chimpanzés ao nível da resolução de problemas.
            Kholer apresentou-nos estudos com um nível de procedimento simples com poucos recursos/utensílios, e procurou sustentar a resolução de problemas na sua relação com a reestruturação do campo perceptivo.
           

As investigações incluiam duas situações experimentais:
·         Uma mais simples, o chimpanzé está dentro de uma jaula, existindo uma vara próxima das grades da jaula e de uma banana pendurada fora da jaula, longe do alcance imediato do chimpanzé;
·         Uma de maior dificuldade, o que diferia da primeira situação era a localização da vara, foi colocada distante das grades, no interior da jaula.


 
O comportamento do chimpanzé ao nível da resolução de problemas mostrava-se distinto nas duas situações. Quando se colocou a vara junto das grades da jaula, mais próxima da fruta, os dois elementos foram percebidos como partes integrantes da mesma situação-problema. Foi fácil para o chimpanzé utilizar a vara para puxar a fruta para próximo de si. Na segunda situação, contido, a distância que existia entre os dois elementos do problema, a banana fora da jaula e a vara colocada no interior da jaula, implicou uma reestruturação do campo perceptivo, isto é, a compreensão dos dois elementos como parte do mesmo problema.
            Para que ocorresse esta reestruturação, seria necessário o insight ou compreensão súbita – a compreensão ou solução imediata do problema – uma forma de aprendizagem resultante de várias tentativas que fornecem a assimilação das relações entre elementos.


Fig. 3 - Insight


            Podemos considerar que as principais diferenças entre a psicologia de gestal e as outras escolas de pensamento anteriores estão presentes no seu posicionamento face a duas dicotomias: interno/externo ou inato/adquirido, por um lado, e parte/todo, por outro.








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