segunda-feira, abril 11, 2011

Freud e a Psicanálise

Como se distingue a Escola de Pensamento Psicanalítico de todas as anteriores? O que representa para a Psicologia a inclusão da noção de inconsciente?



“A psicanálise distinguia-se do pensamento psicológico geral desde o seu início, tanto em relação aos objectos como no que respeitava aos métodos e objecto de estudo.
A psicanálise possui como objecto de estudo a psicopatologia – ou o comportamento animal – em parte neglicenciada pelas demais escolas de pensamento e adopta, como principal método, a observação clínica e não a experimentação controlada de laboratório. Trata ainda do incosciente, tópico praticamente ignorado pelos outros sistemas de pensamento.”
SCHULTZ, D. & SCHULTZ, S. (2005), História da Psicologia Moderna


            O movimento psicanalítico mostrou-se diferente das diferentes escolas anteriores, pois não evoluiu, revolucionou, já que não deu seguimento aos métodos e aos objectos de estudo considerados até então.
            Esta recente corrente introduziu a psicopatologia, o inconsciente e o método clínico.

            A psicanálise não surge espontaneamente a partir do nada, as suas principais fontes de influência foram as reflexões fisiológicas a respeito dos fenómenos inconscientes e psicopatológicos e as considerações a respeito da evolução das espécies.

Fig. 1 - Jean Charcot
(1825-1893)

            Os primeiros tempos do movimento psicanalítico são marcados, no campo da psicopatologia, pelo interesse por uma doença peculiar: a histeria.

            É no século XIX que Jean Charcot sistematiza a doença e procura distingui-la da epilepsia e que Joseph Breuer propõe um tratamento inovador para a histeria – a cura pela palavra: a associação de palavras conduzia a recordações reprimidas e liberta os pacientes dos sintomas. A esta forma de tratamento alia-se uma segunda – a hipnose (técnica de exploração do inconsciente; semelhante a um estado de funcionamento de sono parcial, a hipnose é induzida por palavras e actos; carateriza-se por alterações no estado de consciência, memória e controlo psicomotor).

Fig. 2 - Joseph Breuer
(1842-1925)


            O ínicio da psicanálise está associado a este processo de cura que coloca em destaque os processos psicológicos e que enfatiza a palavra como meio terapêutico. 
            Freud dedicou-se à exploração de provas clínicas sobre resistências1 e à compreensão da sua importância para o recalcamento.


1Resistência – designa qualquer processo através do qual o indivíduo em análise evita lembrar ou falar (tornar consciente) certos assuntos ou vivências; traduz-se em silêncios ou vazios no discurso e constitui a prova de recalcamento; é directamente proporcional à importância e força dos desejos que a provocam.


Fig. 3 - Sigmund Freud
(1856-1939)
            O recalcamento, um mecanismo de protecção intra-psíquica contra o sofrimento, é um conceito nuclear quando se aborda a psicanálise e corresponde à conservação fora do campo da consciência das ideias que causam ansiedade. Embora se tornem inconscientes, os conteúdos recalcados continuam a influenciar o indivíduo, manifestando-se de forma disfarçada (em sonhos, actos falhados, lapsos de linguagem).
            A psicanálise entrava assim num novo campo de estudo para a psicologia: o inconsciente2. O incosciente é integrado numa teoria estrutural e dinâmica complexa, na qual Freud procura determinar as formas de organização do sujeito psicológico.

2Incosciente – referente ao conjunto de processos psíquicos que orientam o comportamento do indivíduo, mas escapam ao âmbito da consciência; segundo Freud o inconsciente é um dos três níveis do psiquiatrismo e é nele que permanecem os processos, as ideias e sentimentos que não podem ser traduzidos voluntariamente à consciência.


A teoria psicanalítica revolucionou a psicologia:
·         Pela omnipresença do tema inconsciente;
·         Pela afirmação de um aparelho explicativo dos fenómenos conflituais;
·         Pela revolução no modo de perspectivar o sujeito psicológico (a atenção voltada para os processos e para as estruturas) e no modo de perspectivar o seu desenvolvimento (introdução da ideia de sexualidade infantil e dos conceitos de pulsão e de zonas erógenas).


Sem prejuízo de outros desenvolvimentos de carácter igualmente inovador, podemos afrimar que a introdução do inconsciente é fundamental para a psicologia, em geral, implicando uma nova formação do aparelho psíquico.
            Então, Freud apresentou duas tópicas, a primeira tópica consituída pelo Consciente, Pré-consciente e Inconsciente, e na segunda tópica temos o Id, o Ego e o Superego.


Primeira Tópica:
·         O consciente é apenas uma pequena parte da mente (constituído pos percepções e pensamentos);
·         No inconsciente, a maior parte do aparelho psíquico, encontra-se o material institivo, não acessível à consciência (composto por fontes instintivas de energia psíquica denominadas pulsões);
·         O pré-consciente pode ser considerado como uma parte do inconsciente que pode tornar-se mais facilmente consciente (formado por lembranças e experiências passadas).






Segunda Tópica:




            Implícita à estrutura do aparelho psíquico está a ideia de pulsão (ou instinto), um conceito inscrito naquela que se pode considerar a teoria psicanalítica da motivação.
            O princípio básico desta teoria resume-se à afirmação de que o comportamento humano é prinicpalmente motivado por razões inconscientes e orientada por pulsões. Uma pulsão designa um impulso orgânico e inconsciente que conduz o organismo em direcção a um fim, com o intuito de reduzir a tensão.
            Embora se reconheçam vários tipos de pulsões, na teoria psicanalítica há um ênfase nas pulsões sexuais (também denominadas libido) e nas pulsões agressivas.

            Todos os instintos ou pulsões têm quatro componentes:
·         Uma fonte – excitação corporal;
·         Uma finalidade – satisfação da necessidade;
·         Uma força – intensidade do investimento;
·         Um objecto – o meio que permite a satisfação, externo ao organismo ou o próprio corpo.





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