domingo, maio 29, 2011

Factores do Desenvolvimento Cognitivo

O desenvolvimento cognitivo pressupõe, por um lado, a maturação do organismo e, por outro, a acção do meio físico e social. Referindo-se à influência do organismo e do meio no desenvolvimento, Piaget desdobra o seu papel em quatro factores essenciais para o desenrolar do processo:
“Este desenvolvimento (…) pode explicar-se por diferentes factores, dos quais se distinguem quatro.
Primeiro factor: a hereditariedade, a maturação interna. Este factor deve certamente ser considerado sob todos os pontos de vista, mas é insignificante porque não actua isolado.
Segundo factor: a experiência física, a acção dos objectos. Constitui um factor essencial, que não se trata de subvalorizar, mas que por si só é suficiente. A lógica da criança, em especial, não advém da experiência dos objectos, mas sim das acções exercidas sobre os objectos, o que não é de maneira nenhuma a mesma coisa, isto é, a parte activa do indivíduo é fundamental, não bastando a experiência extraída do objecto.
Terceiro factor: a transmissão social, o factor educação no sentido lado. Factor determinante, sem dúvida, no desenvolvimento, mas só por si insuficiente, pela seguinte razão evidente: para que uma transmissão seja possível entre o adulto e a criança, ou entre o meio social e a criança educada, é necessário que haja, por parte da criança, assimiliação do que se pretende incultar-lhe de fora. Ora, esta assimilação é sempre condicionada pelas leis deste desenvolvimento parcialmente espontâneo.
Quero falar de um quarto factor a que chamarei equilibração. (…) A partir do momento em que já há três factores, torna-se necessário que estes se equilibrem entre si; (…) uma descoberta, uma noção nova, uma afirmação, etc., deve equilibrar-se com as outras. É necessário todo um jogo de regulações e de compensações para chegar a uma coerência. Emprego a palavra “equilíbrio” não num sentido estático, mas no sentido de uma equilibração progressiva, sendo a equilibração a compensação por reacção do indíviduo às perturbações exteriores, compensação que conduz à reversibilidade operatória no final deste desenvolvimento.”
J. Piaget, Problemas de psicologia genética, Dom Quixote


 
            O desenvolvimento da inteligência faz-se pelo intercâmbio constante entre a criança e o meio, pelo que são as novas experiências que permitem construir novas estruturas cognitivas a partir das anteriores, no sentido de uma organização mental cada vez mais ampla.

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